O Instituto Maria Schmitt (Imas), administrador do Hospital de Viamão, na Região Metropolitana, pretende devolver a gestão ao município no próximo dia 1º de julho. Segundo o diretor-técnico do Instituto, Robson Schmitt, o motivo é a falta de verbas e a tentativa de evitar prejuízos à empresa. O vínculo entre Imas e Viamão se encerra no dia 27 de julho, mas será antecipado pela empresa.
Em julho do ano passado, a prefeitura de Viamão assinou um contrato emergencial de um ano com o Imas com um valor fixado em R$ 37 milhões. O acordo foi firmado após Viamão retomar a administração do hospital, que pertencia ao Instituto de Cardiologia.
Por se tratar de um contrato emergencial, o vínculo com validade máxima de 12 meses não poderia ser renovado. A prefeitura do município já confirmou que o Imas não demonstrou interesse em participar da licitação para a escolha da gestão permanente do hospital.
O Imas afirma que investiu cerca de seis milhões próprios para manter a operação do hospital. Além disso, a prefeitura fez um repasse de R$ 1,8 milhão para a manutenção do centro obstétrico do local.
Apesar dos valores, o Hospital de Viamão segue enfrentando dificuldades. Com a escassez de recursos, a administradora aponta que serviços não essenciais podem ser suspensos antes da entrega da gestão caso não tenha um novo aporte financeiro.
— Nós não podemos continuar subsidiando um hospital que não será mais nosso. Nos comprometemos em não deixar os serviços essenciais pararem, contudo, serviços como cirurgias eletivas podem ser interrompidos — afirma o diretor Robson Schmitt.
Médicos alegam atrasos de salários
A prefeitura de Viamão afirma ter recebido um comunicado de médicos do hospital alegando salários atrasados há pelo menos dois meses. O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) realizou uma reunião com os funcionários na noite de quarta-feira (4) e aponta que os médicos pediram a retirada de nomes da escala de trabalho a partir do dia 7, até que a situação seja resolvida.
O relato dos funcionários é de que há uma preocupação sobre o possível não pagamento dos valores pendentes após a entrega da gestão do hospital. O Imas nega a situação e afirma que os salários dos médicos estão em dia.
A prefeitura de Viamão e a Secretaria Estadual de Saúde se reuniram durante a tarde desta quinta-feira (5) para encontrar uma solução para o caso. Até o momento, nenhuma ação foi divulgada.
Impactos na Região Metropolitana
A crise na saúde em Viamão pode afunilar em Porto Alegre. Cerca de 5% das pessoas internadas na Capital são moradoras do município da Região Metropolitana. A secretária de saúde de Viamão, Michele Galvão, garante que uma suspensão total dos serviços por parte dos médicos irá prejudicar outros municípios.
— O Hospital de Viamão é importante para a Região Metropolitana. Somos referência para Alvorada e para Cachoeirinha. Qualquer redução de serviços no município impacta ainda mais em Porto Alegre. Se Viamão não tiver a emergência do hospital aberta, isso seria uma tragédia — ressalta.
A prefeitura de Porto Alegre enfrenta constantes superlotações em urgências e emergências em todos os níveis de complexidade e aponta a presença de pacientes de outros municípios como um dos motivos para o problema.